O Público divulgou um excelente relatório sobre o diagnóstico dos atropelamentos na cidade de Lisboa. Em quatro anos, entre 2010 e 2013 inclusive, na cidade de Lisboa, houve 2746 peões atropelados, 27 dos quais faleceram em resultado do atropelamento. Representa uma média aproximada de 2 atropelamentos por dia. De dois em dois meses, morre um peão atropelado em Lisboa.
As freguesias com maior incidência de atropelamentos, são exatamente aquelas onde se verifica maiores velocidades, como o caso das Avenidas Novas, onde se encontram as avenidas da República e 5 de Outubro, com perfil de IP citadino. As zonas onde as velocidades são mais reduzidas, como o Parque das Nações por exemplo, são as que apresentam índices mais baixos de atropelamentos.
Recordar que a relação entre a velocidade e a energia cinética, fator importante nos atropelamentos, é quadrática e não-linear. Além disso a velocidade afeta também quadraticamente a distância de travagem.
Independentemente do modo como nos deslocamos, em determinada altura somos peões, concordo com o que este blogue representa e o que defende. Os passeios são para as pessoas e não para os carros.
ResponderEliminarMas não posso concordar com a forma como as pessoas que circulam de automóveis são aqui apelidadas e rotuladas. Há pessoas com civismos a conduzirem viaturas e há pessoas sem civismo a utilizarem transportes públicos.
Por exemplo a bicicleta (que é um meio de transporte que também utilizo); é raro ver ciclistas a respeitar os sinais de transito especialmente o sinal vermelho.
Como também vejo muito muitas vezes peões a atravessarem fora da passadeira e com o sinal vermelho.
A cidade tem de ser um espaço de partilha e respeito mutuo e não de extremismos como muitas vezes vejo aqui, eu tenho o direito de andar de carro a pé de bicicleta ou de transportes públicos e quando escolho o meio de transporte tenho deveres e direitos.
Apenas vejo pessoas a defenderem os direitos de quem circula nos passeios (e com razão) mas não vejo ninguém a apelar aos deveres.
PS: Não ando de transportes públicos porque não quero e não estaciono fora dos locais permitidos nem em cima dos passeios
Na verdade as situações não são comparáveis, pois quando um peão atravessa fora da passadeira (o que por si só não é proibido) ou uma bicicleta passa um vermelho, na grande maioria dos casos (e por grande maioria, quero dizer em quase todos) não existe qualquer inconveniente para os restantes utilizadores da via (sejam eles bicicletas, carros, motas ou peões). E a existir, o utente mais fraco é sempre o peão e a bicicleta, pelo quando tais situações acontecem, o risco e o prejuízo é exactamente de quem toma a acção.
ResponderEliminarContudo, os carros nos passeios não só destroem os passeios, como representam barreiras à livre circulação dos peões. E tente lá tirar um carro do passeio à mão, para ver se consegue. Ou tente lá passar com carrinho de bebé ou um cadeira de rodas.
Isto é, se como peão atravessar a faixa de rodagem sem qualquer cuidado e acabar atropelado, não existe qualquer culpa para o condutor. Deste modo, ontem enquanto circulava a pé no passeio, passei por cima de um carro que um condutor estacionou sem qualquer cuidado em cima do mesmo.
Eu não disse que são ou não comparáveis apenas mencionei exemplos, na minha opinião, de falta de cuidado ou civismos.
ResponderEliminarUtilizando o seu raciocínio, se estacionar a viatura num passeio com 10mts de largura de betão reforçado não há problema.....passam varias pessoas a pé carrinhos de bebes e cadeiras de rodas...
Pois o argumento de por que sim porque é ilegal só se aplica quando interessa.
Eu não estou a defender o estacionamento selvagem nem nos passeios de 10mts, mas também condeno quem não cumpre as regras de transito sejam peões, ciclista ou automobilistas o que não parece acontecer por aqui.
E o argumento de que que sofre é o elo mais fraco não me parece aceitável pois "o elo mais fraco" não tem o direito de colocar em risco a integridade física dos restantes utentes.
Como passou por cima de um carro que estava estacionado no passeio calculo que se vir um peão a atravessar o sinal vermelho acelera e passar por cima dele.....
Mas atravessar fora da passadeira ou passar um vermelho, não revela falta de civismo ou de cuidado, por si só. Mas estacionar o carro e deixar 0.50 para os peões revela.
ResponderEliminarHá vários sítios onde é permitido estacionar em cima do passeio. Onde existe sinais para que tal ocorra. Onde existem demarcação até onde o estacionamento deve ser feito. E onde os passeio são construídos de modo a minimizar os estragos provocados por carros a galgar os mesmos. Nesses casos, não vejo o problema que tal estacionamento ocorra.
Mais, o seu primeiro comentário (assim como o segundo) é todo ele elaborado numa base de comparação e de desculpa: "ah e tal, os carros em cima do passeio, mas os peões também atravessam fora da passadeira e as bicicletas os vermelhos."
Não é comparável, de modo algum, pois esses dois actos, de modo geral, não têm qualquer influencia nos restantes utentes. Os mesmos ocorreram ou não, não registam alteração no resto do sistema. Já quando mete o pópó em cima do passeio a bloquear a passagem a peões/crianças/carrinhos-bebé/deficientes-motores/invisuais-etc, está a provocar uma alteração e a influenciar negativamente os restantes utilizadores.
Vou dar-lhe um exemplo dentro dos seus moldes: se eu estacionar o meu carro no passeio em frente a sua casa debaixo/frente à sua janela, pelos vistos não é grande problema para si. Se estacionar um camião TIR carregado de estrume deduzo que não fique muito contente.
O facto de duas situações serem ilegais, não as deixa em pé de igualdade. Se acha que as bicicletas passarem vermelhos é falta de civismo e de cuidado, não concordo, mas compreendo que muitos pessoas tomem essa posição, mesmo sendo estúpida. Se acha que os peões passarem as estradas fora das passadeiras é falta de civismo e de cuidado, então é só ignorante.
"mas também condeno quem não cumpre as regras de transito sejam peões, ciclista ou automobilistas o que não parece acontecer por aqui."
Esta frase é simplesmente absurda. Como já referi, o facto de duas coisas serem ilegais, não lhes confere a mesma importância. Quer um exemplo? Em portugal é proibido urinar no mar e é proibido assassinar pessoas. Acha que ambas as situações são comparáveis e revelam falta de civismo, na mesma ordem?
"E o argumento de que que sofre é o elo mais fraco não me parece aceitável pois "o elo mais fraco" não tem o direito de colocar em risco a integridade física dos restantes utentes."
Como é que o "elo mais fraco" coloca em risco os utentes?
"Como passou por cima de um carro que estava estacionado no passeio calculo que se vir um peão a atravessar o sinal vermelho acelera e passar por cima dele....."
A sua frase revela exactamente aquilo que não consegue compreender. Quando um peão atravessa fora da passadeira, ele observa o fluxo de trânsito e inicia a sua acção se achar que não interfere com o referido fluxo (isto se for uma pessoa com dois dedos de testa). Pelo que se quiser passar por cima dele terá, exactamente, de ACELERAR. As bestas que estacionam em cima do passeio e não deixam espaço para os peões, é exactamente a situação contrária. O peão tem de alterar o seu movimento para evitar o veiculo. Já no primeiro caso, o veiculo tem de alterar o seu movimento para acertar no peão.
Mais uma vez, recorre a comparações que não são válidas. E se quer perceber a diferença pode simplesmente pegar no código da estrada e observar a diferença no tipo e valor da coima para todas as situações referidas.
Alem de estar a deturpar o que eu disse faz comentários que em nada dignificam a sua condição, parecer-me uma pessoa inteligente sem necessidade de recorrer a insultos para dar a sua opinião, não me conhece para saber se sou ou não ignorante e mesmo que o seja tenho direito a ter opinião.
ResponderEliminarComecei por dizer não estaciono em cima do passeio nem em sitios onde não seja permitido e que condeno quem o faz.
Não estou também a comparar a gravidade das varia situações que descrevi agora usar o valor das coimas para estabelecer comparações de gravidade também não me parece muito razoável.
Se atravessar no sinal vermelho ou passar fora da passadeira não revela falta de civismo o que é que revela? Olhe que noutros países Europeus ninguém passa fora das passadeiras nem sinais vermelhos e o exemplo de países Nórdicos já foi muitas vezes aqui mencionado. Mais uma vez interessa é dizer mal dos condutores e dos carros e não ter uma postura de educação cívica em relação á Cidade e aos seus fluxos.
" Como é que o "elo mais fraco" coloca em risco os utentes?" Como? Eu explico; Ia a passar de mota num cruzamento quando uma bicicleta passou um sinal vermelho e foi contra mim, cai para cima de um carro, tive de pagar o estrago que fiz e o Sr da bicicleta fugiu. É um exemplo pois de certeza que há centenas de ciclistas que respeitam as regras de transito e muitas pessoas que andam de mota que não o fazem.
O que eu apenas quero dizer é que não é correcto rotular as pessoas por andarem de carro ou a pé. Há pessoas educadas e correctas em todo o tipo de meios de transporte.
"A sua frase revela exactamente aquilo que não consegue compreender. Quando um peão atravessa fora da passadeira, ele observa o fluxo de trânsito e inicia a sua acção se achar que não interfere com o referido fluxo (isto se for uma pessoa com dois dedos de testa)." A sua frase é que demonstra exactamente a forma errada como pensa. Eu sou peão posso achar que não interfiro com ninguém porque acho então atravesso no sinal vermelho ou fora da passadeira mas eu como automobilista já não posso achar que o meu estacionamento não interfere com ninguém, chama-se dualidade de critérios. Para uns é só achar para outros é cumprir a lei e pronto.
As regras na sociedade existem para podermos todos ter uma convivência saudável e cordial, é típico do Português viver e "achar" na zona cinzenta. O que acontece é a minha zona cinzenta se calhar é diferente da sua ou do vizinho do lado.
"Esta frase é simplesmente absurda. Como já referi, o facto de duas coisas serem ilegais, não lhes confere a mesma importância. Quer um exemplo? Em portugal é proibido urinar no mar e é proibido assassinar pessoas. Acha que ambas as situações são comparáveis e revelam falta de civismo, na mesma ordem?"
Aqui está a confundir as coisas, em primeiro lugar já lhe disse que não estou a comparar nada estou a discutir o cumprimento de regras e civismo. E existem coisas proibidas e crimes, está a misturar as duas. Como é bom com exemplos vou-lhe dar um é proibido conduzir a mais de 120Km por hora na AE mas não é crime, conduzir com 1,2 gramas de alcool no sangue é crime (Ah já agora tudo o que está tipificado como crime é proibido)
Pergunta para queijinho; A coima por andar sem cinto é 120€ estacionar na passadeira tem o mesmo valor de coima..........Qual é a mais grave?
PS: Já agora estacionar em cima do passei são 30€ passar o sinal vermelho 120€
Está enganado quando ao valor de passar o sinal de vermelho. Não se esqueça que está a falar de bicicletas e peões.
ResponderEliminarLongo vai este debate de extremo a extremo. De facto, muitas atitudes dos comentadores deste blogue são extremistas, radicais. E parece que há sempre um motivo forte para se ser radical.
ResponderEliminarO que me parece é que as cidades em Portugal estão feitas a pensar nos carros. Já o disse aqui várias vezes que, especialmente na geração dos 50/60 anos, existe ainda a mentalidade de que o carro é o dono da cidade e tem plenos direitos sobre tudo.
Se repararmos, o espaço reservado ao peão é inferior ao espaço reservado ao automóvel, isto mesmo fazendo uma proporção contando com o tamanho maior do carro.
Já vimos que as autoridades nada fazem para devolver a cidade às pessoas que querem andar a pé. Sejam autarquias ou polícia, a fiscalização é rara, as medidas são zero. Daí que se insurjam pessoas nestes movimentos e que digam BASTA! E dizer basta não é ser moderado, defender que o carrinho pode estacionar no passeio se for 5 minutos, que os peões podem ir passar na passadeira 50 metros mais à frente, que bastam algumas passadeiras, que podemos ter ruas mistas com circulação automóvel e pedonal, que podemos ter uma solução favorável às duas partes. Não! Isso já andavam estas pessoas a dizer há muito tempo e nada foi feito. Quando se abraça um movimento destes é para fazer valer em pleno TODOS os direitos que querem porque NENHUM direito lhes foi dado quando agiam de forma moderada, alertando a polícia, a autarquia, quem quer que fosse.
Por isso, o Passeio Livre é para ser mesmo livre! Concordo com o movimento e acho até que devia existir algo no terreno como o movimento russo que aqui se falou no blogue. Mas discordo de muitas atitudes extremistas que muitos comentadores aqui escrevem sem razão, a meu ver. Mas se há sítio onde esses comentários devem ser ditos é aqui mesmo neste blogue.
Há malta aqui que vê o filme ao contrário. Enfim.
ResponderEliminarOs radicais são aqueles que se acham no direito de estacionar no passeio porque julgam-se melhores que os demais.
Os outros são os fracos e oprimidos que vêm o seu direito a andar a pé em segurança cilindrado. São os velhos e as mães com carrinhos de bebé. É a malta da mobilidade reduzida, são aqueles para quem todos se estão borrifando. Desenmerdem-se é o que diz o Passos e o Sócrates e o Salgado só que não é. Somos todos nós os que pactuamos com a situação que o dizemos, orgulhosamente ou com mágoa é indiferente pois a factura sai sempre aos fracos. Aqueles para quem nos estamos a borrifar.
P.S. É só a minha opinião, não se ofendam. Mas se mesmo assim se ofenderem, estou-me a borrifar.