"Sra. agente, eu vou só à farmácia medir a tensão!" |
Só mesmo num país como Portugal, é que situações similares podem acontecer. O nosso contribuinte relata-nos uma conversa que teve com uma agente da PSP, através de uma missiva que enviou aos serviços da polícia, missiva essa que transmitimos na íntegra:
Exmos Senhores,
Esta manhã passou-se comigo uma situação bastante caricata, que tento ilustrar abaixo através da transcrição do diálogo que observei e que se passou comigo:
Uma srª perfeitamente capaz estacionou simultaneamente em cima duma passadeira e em cima do passeio, no final da Rua Aquiles Monteverde (cruzamento com a R. Rebelo da Silva), em Lisboa, e dirigiu-se a uma agente da Brigada de Trânsito, jovem, que se encontrava a uns 5m do local da prevaricação:
Dona do carro - Srª agente, há problema em deixar o carro ali? Eu vou só à farmácia medir a tensão.
Agente (A) - Comigo não há problema, tem que ter cuidado é com a EMEL!
...
A dona do carro vai-se embora e eu aproximo-me da agente e pergunto:
Eu (E) - Aquela senhora pode estar ali estacionada?
A - Não, claro que não!
E - E não a pode multar?
A (rindo-se) - Posso, claro que posso!
E - E porque não o faz?
A (espantadíssima) - Ora essa! A srª teve até a amabilidade de vir falar comigo e explicar a situação, porque é que eu havia de a prejudicar? Acha isso bem?
E - E porque é que a srª pode prejudicar quem quer usar a passadeira ou o passeio? Acha isso bem? São duas infracções numa só!
A (ainda mais espantada) - Então toda a gente quer que a polícia não multe e você quer que multe? Garanto-lhe que se fosse o sr. a ser autuado não pensaria assim.
E - Garanto-lhe que já fui autuado e por saber que quem me autuou tinha razão foi exatamente assim que pensei. O dever da polícia não é multar e manter a ordem? Esta srª está a prejudicar pessoas e a cometer duas infrações numa só! No passeio e na passadeira!
A (afastando-se, como quem vai verificar a infracção) - Não, a senhora não está em cima do passeio, só um bocadinho...
E - Está a ocupar metade do passeio!
A (afastando-.se ainda mais) - Bom dia!
E foi-se embora, incomodada.
A minha questão perante esta situação tão caricata é: afinal qual é o dever e qual a posição da polícia perante o constante atropelo dos direitos dos peões? Não devia esta entidade servir para manter a ordem e fazer cumprir as leis, neste caso também as de circulação e de estacionamento? Como é que se explica esta postura de constante conivência com os prevaricadores?
Na R. Aquiles Monteverde o passeio esquerdo está constantemente ocupado por carros na sua totalidade, na Rua de Arroios há oficinas, stands de automóveis e outros estabelecimentos que usam o passeio como extensão das suas instalações, na R. Pascoal de Melo o passeio está sempre ocupado por estacionamento ilegal, particularmente sobre a ponte, junto à loja da Padaria Portuguesa e junto da Portugália, etc. Isto para mencionar apenas situações que se passam perto da Esquadra da PSP do Largo de Arroios, onde frequentemente se vêem agentes à porta. Porque é que eles não fazem nada?
Agradeço que esclareçam esta situação para que eu possa (e possamos todos) saber, afinal, quando é lícito ou ilícito cometer ilícitos...
Com os melhores cumprimentos
Vai receber da Polícia a resposta que eu recebi: A agente negou que alguém tivesse falado com ela e como não tem provas, cala e engole. A justiça é esta. Para a próxima grave a conversa com o telemóvel.
ResponderEliminarÉ de pedir identificaçäo ao incompetente, e fotografar a infraçäo (mesmo com o telemóvel), e depois apresentar queixa na esquadra devida, ou até a um patamar mais alto.
ResponderEliminarA resposta à pergunta «Porque é que a PSP não faz nada contra o estacionamento em cima dos passeios?» obtive-a eu, directamente, de dois graduados da corporação, nomeadamente um, em Lisboa (na Av. de Berna, ao lado da Embaixada de Moçambique) foi bem claro, perante um carro estacionado em cima do passeio, ali ao pé de nós.
ResponderEliminarCito de memória o que ele me disse:
«Temos ordens para não actuar, pois isso (que não tem a ver com a fluidez do trânsito) compete à autarquia».
Aqui deixo uma pequena nota:
ResponderEliminarA legenda que acompanha a foto pode levar alguns leitores a pensarem que o Mercedes em causa é o da cena relatada no texto.
Não é.
O da imagem (por sinal já aqui mostrado no post intitulado «Os Reis do Mundo») é outro, e estava estacionado assim, junto ao mercado de Arroios, às 16h05m do passado dia 15 (hora a que a foto foi tirada).
Autocolantes nesses gajos todos!
ResponderEliminarSó de ler fiquei com calores!
ResponderEliminarFDP!
Nada que me cause estranheza a polícia ignorar as infracções ao Código da Estrada! Estranho é que ainda existam pessoas que ficam estranhas a este tipo de situações! Portugal encontra-se num caos pior que no Laos, no Cambodja, no Sri Lanka ou similares... Aqui, a lei é forte com os fracos e fraca com os fortes, ou seja, como diz o Juiz Desembargador Rui Rangel, existe uma lei para os ricos e outra para os pilha-galinhas! No Largo do Calvário, em Alcântara, existe uma Divisão da PSP.
ResponderEliminarNesse largo, no passeio que dá acesso à paragem dos eléctricos da carreira 15 (sentido Algés-P.Figueira), existe uma faixa devidamente sinalizada com traços amarelos pintados no chão e antecedida de sinal de proibição de parar/estacionar mesmo em frente à porta da esquadra e a escassa dúzia de metros, que se encontra diariamente pejada de latas estacionadas, muitas das vezes em segunda fila.
No lado oposto, frente ao Minipreço e noutra paragem de autocarros, a via de circulação respectiva, encontra-se antecedida pelo sinal de sentido proibido e circulação autorizada apenas a transportes públicos (nos dois sentidos). Nesta via, a toda a hora, ou meia-hora, ou 15 minutos (o tempo de espera por transporte), dá para constatar a circulação de latas particulares, a maior parte delas com matrícula francesa e espanhola. E passam todas, sem excepção, em frente à porta dessa Divisão da PSP que tem sempre agentes no exterior.
Resumindo, o estacionamento selvagem em Lisboa (e penso que no resto do país) é tal & qual um cancro em fase terminal, sem cura, apesar de existir, a tempos (especialmente em datas próximas a eleições) uns médicos a receitar uns medicamentos que depois perdem as "receitas"...
Conheço muito bem o local onde está estacionado o Mercedes e a realidade é que é quase impossível estacionar nos locais para o efeito nessa zona. Os moradores levam horas para o conseguir fazer, acabando por os estacionar indevidamente, pois não encontram outro local para o fazerem.
ResponderEliminarÉ muito fácil julgar o outro sem conhecimento de causa, mas a realidade é que a EMEL e a Polícia constantemente bloqueam e rebocam os carros nessa zona durante a noite, pertençam ou não a moradores, e bem, por estarem mal estacionados, mas não sejamos hipócritas, se fosse connosco, e tendo em conta a dificuldade que é arranjar lugar nessa zona, também não iríamos gostar de ser multados/bloquados/rebocados....
Aí está uma fator que as pessoas deveriam e cada vez mais vão ter que equacionar quando compram um automóvel...Será que preciso ou tenho condições para ter automóvel morando onde moro?. Muitas pessoas quando decidiram comprar casa tiveram apenas como critério o preço e a dimensão da habitação ignorando tudo o resto, e como consequência têm que se deslocar de carro ou de transportes públicos, demorando imenso tempo para chegar onde precisam. Pois isso tem que mudar! Se bem que podemos ser compreensíveis em certas situações, como a por si descrita, também é válido que o comportamento não pode ser encorajado e deve haver por parte das pessoas uma mudança cultural. Na minha zona, onde não podemos dizer que há falta de estacionamento, existe uma constante usurpação dos passeios públicos por parte de alguns moradores que, por puro comodismo, querem ter o carro a porta de casa, tudo isso em detrimento de todos os outros. E posso dizer que é a mais pura das verdades que os nosso agentes da autoridade não estão minimamente sensibilizados para esta temática, como constatei inúmeras vezes.
Eliminar@Anónimo das 00:33 de 12 Mai 12:
ResponderEliminarEu também conheço bem o local em causa, e sei que não faltam lugares de estacionamento por perto. Depende, claro, do que se entender por "perto". Mas eu estou a considerar 100 ou 200 metros, como uma distância aceitável em cidades como esta.
Concretamente (e visto que a foto foi tirada junto ao Mercado de Arroios, do lado da Almirante Reis), refiro-me ao novo Parque da Praça do Chile e aos vários da Alameda (os da EMEL e o subterrâneo, com 500 lugares).
O que sucede é que, quando as pessoas dizem que "não há lugares" estão a pensar em "lugares gratuitos, à porta de casa e por tempo ilimitado". Ora isso, hoje em dia, não existe em cidades como Lisboa (à parte um ou outro recanto escondido...).
E mesmo quem tenha dístico de “residente” tem de o pagar à EMEL; e quem tenha garagem própria também tem (ou já teve) de a pagar.
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NOTA: aqui fica um desafio, com o qual eu me proponho provar o que afirmo:
Num dia e hora ao acaso vamos, p. ex., ao parque subterrâneo da Alameda. Se estiver completo, dou-lhe 20 euros. De contrário, dá-me 20 cêntimos por cada lugar que esteja vago (de acordo com os números que nos indicarem na portaria). Aviso, no entanto, que já fiz esta oferta inúmeras vezes (para todos os parques de Lisboa de que me consegui lembrar) e ninguém ainda a aceitou - mesmo com variantes de “dia e hora à sua escolha”, e “50 euros contra 10 cêntimos”.