O exemplo da autoridade

Por favor denunciem este escândalo. Os passeios em frente da Polícia Judiciária em Lisboa foram "reservados" para estacionamento privado dos elementos da mesma. Chegaram ao cúmulo de colocar grades e fitas com identificação da PJ para dissuadir o comum cidadão de fazer o mesmo. Esta situação dura há anos, nem sequer é uma situação temporária, como se isso justificasse esta barbaridade.
É revoltante assistir ao facto de que a própria autoridade desrespeita a lei desta forma tão escancarada e pior ainda é a cumplicidade usual da autarquia.
Tendo em conta que existe um estacionamento da EMEL na mesma rua e um subterrâneo a menos de 100 metros, demonstra ainda mais a falta de respeito, competência e idoneidade de quem deveria fazer respeitar a lei.

Esta é uma situação que não se veria noutro país Europeu e espero que seja denunciada. Vergonhoso!












Contribuição enviada por e-mail

20 comentários:

  1. Meus caros,

    É por estas e por outras que eu estou cada vez mais descrente nesta luta por passeios livres (de carros e de trogloditas).

    Esta gente, apesar de se movimentar em carripanas mais ou menos topo-de-gama, ainda está no patamar civilizacional daqueles que, há uns anos, urinavam nas ruas ou escarravam para o passeio no meio da multidão.

    Ainda há toda uma longa evolução a percorrer, mas que terá de ser feita por gente nova - e não com ESTES automobilistas, nem com ESTA polícia, nem com ESTA emel, nem com ESTES autarcas, nem com ESTES governantes - na medida em que, actualmente, há uma sintonia (tão perfeita quanto vergonhosa) entre "quem faz" e quem "deixa fazer".

    ResponderEliminar
  2. Caro eng. Medina Ribeiro, plenamente de acordo com tudo o que escreveu no seu comentário, mas apenas recordo que a evolução a percorrer, feita por gente nova, só se for a geração que está em curso ou para nascer. É que na minha rua, existem jovens que estão muito aquém dos 30 anos (alguns até parece terem acabado o desmame) e que estacionam em cima dos passeios, ocupando-os na sua totalidade, em cima das passadeiras, nas paragens dos transportes públicos, locais devidamente assinalados por sinalética de proibido parar/estacionar (devem lá ter sido colocados apenas por descargo de consciência da C.M.L., dado que a polícia passa por ali várias vezes ao dia e não liga). Pegando no tema das imagens desta reportagem, não é estranho (para mim) que isso aconteça. Passo muitas vezes pelo largo do Calvário, onde existe uma Divisão da PSP (com esquadra), cujos passeios limítrofes estão cobertos por latas com 4 rodas (não sei se são dos agentes se são civis), mesmo nas barbas deles! Hoje foi um desses dias. Tive de circular pela estrada porque o passeio que se encontra junto a essa esquadra encontrava-se repleto de latas. Na faixa mesmo em frente a essa esquadra, permitida apenas a transportes públicos (corredor BUS) e antecedida de sinal de sentido proibido, passam a toda a hora carros civis, a maioria deles com matrículas espanholas e francesas! Já tinha afirmado noutro local que da forma como isto está, a coisa só se endireita quando começar a ser utilizada a força, ou seja, reboques, multas, cartas cassadas, efectuação de novos exames de código a quem prevarica ou então e simplesmente acabem com a palhaçada do Código da Estrada que não serve absolutamente para nada porque são muitos poucos que o cumprem e nenhum que o faz cumprir! Pese o facto de esses que deveriam fazer cumprir as leias - e não o fazem -, estejam a ser pagos com o dinheiro dos nossos impostos.

    ResponderEliminar
  3. Caro alien3065

    Tem toda a razão, infelizmente.

    Aqui à minha porta, jovens urbanos da classe média praticam skate, patinagem e ciclismo num simpático parque que a autarquia fez.

    Pois a maioria atira as garrafas (de refrigerantes e de água) para o chão (ou amontoam-nas junto às árvores) - apesar de não faltarem caixotes para lixo...

    ResponderEliminar
  4. Mandem este link para a PJ e CML. Nunca percam a oportunidade de os humilhar.

    ResponderEliminar
  5. @CJ,

    Não tenha ilusões, meu caro.

    Eu já tenho falado acerca do estacionamento selvagem (e não só o de Lisboa) com autarcas, ex-autarcas, polícias (municipais e PSPs - incluindo graduados), funcionários da EMEL (desde fiscais até um ex-administrador) e as conclusões são duas:

    1.ª - No início, quando a repressão ainda era possível, "deixou-se andar".
    Agora, mesmo que se queira, já não é possível fazê-lo eficazmente, dadas as dimensões que o problema atingiu.
    Sucede o mesmo com outras situações que se tornaram incontroláveis: droga (até nas prisões!), arrumadores de automóveis, marquises ilegais, excrementos de cão, etc.

    2.ª - Não há verdadeira vontade política para enfrentar o problema, a começar pelo facto de não haver sanções contra os que não actuam.

    Neste aspecto, todos aqueles com quem falei reconheceram a existência de 'amiguismos', envolvendo restaurantes (a maior parte dos casos), cafés, stands e oficinas de automóveis, talhos, etc.

    E a experiência universal mostra que, quando há convergência de interesses entre quem "faz" e quem "deixa fazer" a situação é de muito difícil (ou mesmo impossível) solução.

    Claro que tudo é agravado quando o exemplo vem de quem devia ser o primeiro a respeitar a lei - mas isso é outra história. A evolução cívica é um processo longo - lembremo-nos de que, mesmo neste século XXI, ainda há povos na Idade da Pedra... e que não sentem a necessidade de sair dela.

    ResponderEliminar
  6. @Carlos Medina Ribeiro, uma forma de evitar esses amiguismos seria os fiscais não estarem alocados a determinada área geográfica por mais do que 2-3 meses (ou período de tempo considerado apropriado). Os amiguismos nascem da permanência dos fiscais na mesma área, e se houver rotatividade, pelo menos reduz-se o fenómeno. Não sou nenhum génio da logística/organização/gestão de recursos humanos/fiscalização, mas a solução de tão simples só me faz pensar em porque é que não é aplicada. Se houver argumentos contra esta ideia, gostaria de ouvir.

    ResponderEliminar
  7. @ Catarina,

    Sim, essa rotatividade (pelo menos no caso da EMEL e segundo me diz quem sabe) parece que já existe.
    O problema, possivelmente, tem de ser abordado - também - mais acima.

    Considere o caso deste 'post', e coloque-se na pele de um fiscal da EMEL 'precário'.
    Mesmo que esteja cheio de espírito de missão, o que é que ele pensa e - consequentemente - faz?

    Veja outro caso, o escândalo dos carros e carrinhas da P. Municipal estacionados à porta da Assembleia Municipal de Lisboa, logo a seguir ao sinal de Paragem Proibida.
    Como é que se pode exigir - humanamente - a um fiscal da EMEL que os multe?

    ResponderEliminar
  8. @ Catarina G.: isso dá imeeeeennnnnnssssooooooo trabalho! :)

    ResponderEliminar
  9. @ Catarina G.: E as ordens vêem de cima. Lembra-se da proteção da Mafia? Pensa realmente que não há dinheiro envolvido nesta proteção ao comércio?

    O que não deixa de ser irónico é que provavelmente se arrecadaria muito mais dinheiro em multas e estacionamento pago, mas isso seria o suicidio político e os políticos estão lá não para nos servir mas para se servirem a eles.

    Pelo menos neste terceiro mundo plantado à beira mar é assim...

    ResponderEliminar
  10. @ Carlos, então não se exige nada, fica tudo na mesma, e o queixume passa a ser o desporto de eleição do Clube Recreativo Passeio Livre!

    @ Franck: touché! ;-)

    ResponderEliminar
  11. Acho que o "blogue" está de parabéns pelo elevado nível dos comentários construtivos que se lêm.

    Há na verdade países na "Idade da Pedra" e outros na "Idade Média", que os seus governantes fundamentalistas mantêm para servir os seus interesses pessoais e dos acólitos.

    Mas Portugal está na U.E. desde esse abençoado dia 1/janeiro/1986, em que somos obrigados a cumprir as normas dos países mais cívicos, modernos ou mesmo civilizados.

    Abençoado dia tb em que foi constituida a ASAE, ou senão, ainda comíamos mais "porcaria" nos restaurantes.

    Mesmo assim, em questão de asseio, civismo e deveres para com os outros concidadãos, na verdade, ainda falta um longo caminho a percorrer. Não quero com isto dizer, que não possamos fazer todo o possível para o encurtar.

    Neste nosso particular, sobre a pura e continuada infração e prevaricação ao C.E. por parte de todos os intervenientes responsáveis, estamos tb aí numa Idade lá para trás.

    Já tive a oportunidade de visitar alguns países Europeus e, fora a Grécia que dizem que os automobilistas se parecem com os nossos no desrespeito pelos peões (ou não fosse esse um país tb pouco rigoroso, como nós), não me ocorre qq outro da União Europeia onde as pessoas sejam "proibidas" de circular pelos passeios.

    Deixo aqui o desafio, se for oportuno, de mencionarmos um outro país Europeu (não africano ou asiático, com muito respeito por estes) onde se estacione (não é parar) nas rotundas, nos passeios, nas faixas de rodagem, a meio de rampas de acesso a esquadras de polícia, no acesso a garagens, etc. etc.

    LC

    ResponderEliminar
  12. No interior de França (quem sabe, portugueses? :) e em algumas cidades italianas (do sul) assiste-se a carros estacionados indevidamente, mas absolutamente nada que se compare com a anarquia que existe aqui. Desde a Polícia, GNR (então estes...), ambulâncias e até deficientes, todos transgridem a lei.

    ResponderEliminar
  13. @Catarina,

    Eu não digo que "não se deve exigir nada".
    O que digo é que, neste caso do estacionamento selvagem em Portugal, é o mesmo que exigir que o Sol nasça a Oeste e se ponha a Este, pois as forças que se opõem ao civismo (as corjas dos que "fazem" e dos que "deixam fazer") são tão grandes, que a luta é quixoresca.

    Veja o 'post' sobre Lagos, hoje afixado, e veja o que fazem as crianças, os respectivos papás e a própria PSP. E veja o ar natural com que a senhora leva o carrinho de bebé em perigo de ser trucidada.

    Um dia que vá a Lagos, tente discutir o assunto com o cidadão-comum, como eu já tenho tentado fazer. Verá que não encontra grande compreensão...

    ResponderEliminar
  14. @ Carlos: não diz que "não se deve exigir nada" mas compara o exigir alguma coisa ao exigir que o sol nasça a Oeste e se ponha a Leste? retórica à parte, então o que acha que se deve fazer?

    ResponderEliminar
  15. @Catarina: é tudo uma questão de pachorra e de perspectiva de vida - e passo a explicar:

    No mês que vem, farei 64 anos, 63 dos quais a morar em Lisboa, e sempre em zonas onde impera o estacionamento selvagem.

    Aonde eu quero chegar é que, quando se vai para velho e se vê o tempo a passar, tem-se a noção de que esse mesmo tempo é curto, cada vez mais escasso e, portanto, cada vez mais precioso.

    Isso faz com que se seja cada vez mais selectivo com aquilo que se faz com o tempo de vida disponível.
    Ora, em cidades como Lisboa - em que a estacionamento selvagem está entregue a uma aliança invencível de 4 corjas de cavalgaduras (os que "fazem", os que "deixam fazer", os que "não se importam" e os que "acham bem"), a noção de perda de tempo é, para mim, cada vez mais nítida.

    Claro que, uma vez por outra, não resisto a protestar, mas a esperança de que a situação mude é quase nula (nesta geração e mesmo na próxima), pelo que sinto os nossos protestos servem apenas para 'expurgar a bílis'... e pouco mais.

    ResponderEliminar
  16. Carlos, como eu o compreendo! É que temos exactamente a mesma idade.
    Não sei que idade terá a Catarina, mas certamente será mais jovem do que nós, e embora a idade não seja propriamente um estatuto, confere-nos pelo menos alguma experiência de vida. "São muitos anos a virar frangos", como diz um amigo meu, e ao fim de 64 anos de vermos e ouvirmos os mesmos argumentos e as mesmas desculpas sem vermos melhorias... começamos mesmo a desacreditar que alguma vez consigamos atingir o estado civilizacional de outros países. Talvez daqui a umas gerações avancemos um pouco mais, mas nessa altura já os outros irão lá muito mais à frente.

    Chamem-me fatalista, derrotista ou pessimista, mas eu já estou como o Nicolau Breyner, que diz não ser um pessimista mas sim um optimista... com experiência!
    A nossa idade não pode servir de desculpa para nos desligarmos dos problemas que afligem a nossa sociedade, mas é muito frustrante ver a passividade com que as novas gerações aceitam todo o tipo de atropelos a que são sujeitas. E não se pense que estou apenas a falar de política. Não! Aliás, políticas serão todas as nossas acções que directa ou indirectamente interfiram com a sociedade em que vivemos.

    Ainda no Sábado passado tive mais uma desilusão quando me dirigi ao local da concentração (Portimão) contra as portagens na A22 (Via do Infante) e apenas lá estavam umas 15 pessoas, algumas delas apenas como mirones. Jovens, eram apenas uns 3 ou 4 motociclistas. E o mais grave é que grande parte desta juventude é obrigada a utilizar diariamente a A22, pelo menos entre Lagos, Portimão, Albufeira, Quarteira e Faro, para chegarem ao emprego a tempo e horas.
    Estou mesmo a vê-los daqui a dias, andarem a lamentar-se pelos cafés, que o dinheiro não chega para tanta despesa, tanto imposto e agora ainda mais as portagens; mas quando tiveram a oportunidade de protestar, preferiram passar a tarde na praia.
    E é o silêncio de toda esta gente que permite que, entre muitas outras coisas, se continue a estacionar sobre os passeios, as passadeiras ou a cometer todo o tipo de atropelos às leis, que os automobilistas se lembrem de cometer. Pior ainda, é verificarmos que estas pessoas que se calam, só estão à espera de uma oportunidade para fazerem o mesmo!
    E é por isso, que, enquanto não se operar uma total mudança de mentalidade, que devia começar nesta nova geração, pouco mais poderemos fazer do que, como diz o Carlos (e com razão), vir aqui "expurgar a bílis".

    ResponderEliminar
  17. @Faísca,

    Já que levanta o problema das portagens nas SCUT (nomeadamente na Via do Infante), aqui ficam as seguintes considerações (respigadas de um comentário que afixei noutro blogue):

    «Dado que Mário Lino teve a brilhante ideia de fazer portagens onde não se pode pagar sem ter um dispositivo electrónico, um dos problemas, a que ninguém parece conseguir dar resposta, é muito simples:
    Como é que vão pagar os carros com matrícula estrangeira (emigrantes ou turistas, p. ex.)?

    No domingo passado, fiz a viagem de Sevilha para Lagos e coloquei-me na pele de alguém que, não tendo o tal dispositivo electrónico (Via Verde ou DEM) quisesses passar de Ayamonte para cá.

    Compraria o aparelho nos CTT... ao domingo à tarde?
    Sairia da A22 para a EN125 e iria procurar um quiosque?

    Uma boa solução seria passar sem pagar, pois a respectiva multa nunca lhe seria enviada. Pois se até a Polícia Municipal de Lisboa se queixa de não ter acesso às moradas dos condutores portugueses para lhes enviar as multas para casa!»

    ResponderEliminar
  18. Carlos, o problema da forma de pagamento é o que menos me preocupa porque, pode ter a certeza de que o Governo, quando é para receber, arranja SEMPRE uma forma de nos sacar o dinheiro. Veja o que aconteceu agora com o subsídio de férias e de Natal.

    O que me preocupa, é a anestesia em que este povo vive. O que me preocupa, é ver que estamos a ser espoliados, sacrificados e sugados sem que mexamos uma palha, sem que levantemos um dedo para mostra o nosso desagrado.
    Claro que uma boa solução seria a que o Carlos aponta (toda a gente passar sem pagar) mas, muito sinceramente, quantos portugueses encontra com coragem para tal?
    Poderá encontrar 100 que concordem com a ideia, mas se tiverem que pô-la em prática, arranjarão uma desculpa qualquer e ficarão à espera que haja outros que o façam por eles. Se resultar... muito bem, foi uma vitíória, mas se der para o torto... ficarão de fora e ainda são capazes de criticar os que tiveram a coragem de mostrar a sua revolta.
    Nunca me esquecerei do "barman" de um hotel, que nos anos que se seguiram ao 25 de Abril, ganhava mal mas era obrigado a trabalhar que nem um cão. Era a altura das manifestações, dos plenários e das greves mas nunca alinhou em nenhuma delas, embora andasse a se queixar pelos cantos, de que era um escravo de trabalho.
    Um dia, perguntei-lhe porque razão, apesar de tanto reclamar, nunca alinhara em nenhuma greve, e a resposta foi bem elucidativa: "EH pá! Façam lá vocês as greves que... se isso resultar eu também serei beneficiado mas se der para o torto, vocês é que ficam mal vistos!"
    Não lhe valeu de nada a esperteza porque acabou despedido como todos os outros.

    E o mal deste país é que esta forma de pensar é extensiva à maioria da população!

    ResponderEliminar
  19. @Faísca,

    Eu não aponto o "passar sem pagar" como solução.

    O que eu digo é que a situação criada é tão absurda, que mesmo quem quer pagar pode não conseguir fazê-lo!

    Por duas vezes, nos últimos anos, falei pessoalmente com Mário Lino (ambos fomos colaboradores da Associação de Estudantes do IST), e tentei levar a conversa para esse tema, para que ele me esclarecesse:

    «Como é que vão pagar as portagens os carros que não têm dispositivo electrónico, nomeadamente os de matrícula estrangeira?».

    Nunca tive a sorte de ser esclarecido...

    ResponderEliminar