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Neste delicioso livro, Barry Hatton mostra que não deve haver muita gente que, mesmo em Portugal, saiba mais sobre o nosso país do que ele: desde os Celtas até José Sócrates (o livro é de 2011), desde as caravelas até aos pastéis de Belém, não é fácil encontrar erros na obra - quando muito, haverá uma ou outra gralha, mas mesmo isso parece dever-se à tradução.Veja-se o que ele escreve, no que toca ao tema deste blogue...
Nao li o resto do livro mas parece-me que neste trecho aqui há um exagero, pois nao me recordo nunca de ter visto carros estacionados na A5 em dia de final de taça, talvez o autor se esteja a referir à EN6 (estrada marginal)... Quanto ao resto "spot on"
ResponderEliminarDe facto, o livro é uma pequena maravilha, no sentido de mostrar «como os outros no vêem».
ResponderEliminarTem algumas pequenas gralhas (como essa, eventualmente), mas, no essencial, está certíssimo.
Mesmo em coisas que, normalmente, se prestam a erros (como datas da nossa História, Geografia, gastronomia, etc.) é capaz de ter muito menos de 1% de enganos - e alguns (como quando refere, ao contrário, a frase de Fernando Pessoa «A minha Pátria é a Língua Portuguesa» / «A Língua Portuguesa é a minha Pátria») parecem ser erros de tradução do Inglês (em que o livro foi escrito) para o Português.
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NOTA: Já que está a chegar a altura delas, vale a pena ler o que ele escreve acerca das touradas de morte de Barrancos: como, nessa terra, ninguém respeitava a lei, a mesma foi alterada sob a forma de excepção. O autor acha que isso diz tudo sobre os portugueses - ainda mais do que as cunhas, a fuga ao fisco, os atrasos na Justiça, os taxistas, a destruição do Algarve pelos patos-bravos, o abate de sobreiros pelos chicos-espertos, etc.
O dizer mal de tudo e de todos, dizer que o nosso país é mau e que o dos outros é que é bom...Tudo isso também me parece muito português.
ResponderEliminarAgora deitar as "mãos-à-obra" para fazer de Portugal um país melhor, isso não...
Queixarmo-nos que nada podemos fazer, que somos uns coitadinhos, que não decidimos nada e que se fossemos nós a mandar isto era um país maravilhoso...Isso é muito Português.
Anónimo de 5 Ago 11 / 22h05m:
ResponderEliminarO autor do livro é jornalista, pelo que a sua função é relatar o que vê - o que já não é mau de todo, se o fizer com objectividade.
É que a 1ª condição para se fazer bem é saber o que está mal.
Nesta magnífica obra, o autor descreve (sem grandes erros) como somos vistos pelos outros.
Refere o que gosta e o que não gosta, e não se lhe pode pedir que corrija a Justiça, a Educação, a Saúde nem os passeios esburacados.
Aqui vão alguns exemplos, e peço-lhe que nos diga onde é que ele se engana:
A justiça pode levar 10 ou 20 anos para julgar casos. O da Casa Pia já vai em 5, e não se lhe vê o fim
A corrupção corrói a sociedade portuguesa. Juntamente com a justiça lenta é uma das causas que afasta o investimento estrangeiro. Não se conhece um único corrupto preso, e tem sido o próprio PS quem mais se opõe a que seja criminalizado o enriquecimento ilícito!
O português prefere pensar que "não há-de ser nada" (a propósito de não haver planos de emergência para catástrofes como a de 1755)
O português-típico deixa tudo para o último dia;
é incapaz de chegar a horas a uma reunião;
é capaz de gabar em público por fugir aos impostos;
é capaz de estacionar em 2ª fila ou em cima dos jardins e dos passeios só pelo prazer de violar a lei (e os poderes públicos não se preocupam nada com isso - ele cita o caso das touradas de morte de Barrancos: como a lei não era cumprida, criou-se um regime de excepção!);
a 1ª coisa que faz quando vai a um serviço público (repartição, hospital, etc) é ver "se conhece lá alguém";
a cultura da "cunha" não é condenada;
o português reza para que venha o papa e as multas de trânsito sejam amnistiadas, o que sucede regularmente e aos milhões;
apesar de anarca por natureza, o português gosta da autoridade (mas para os outros...). «Haja quem mande nisto! Faz falta um outro Salazar!», são frases que se ouvem com frequência;
o português vive obcecado com "o que os estrangeiros dizem lá fora" (quando, afinal, a maioria kulga que Lisboa é em Espanha);
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Curiosamente, o autor adora viver em Portugal.
Casou com uma portuguesa, e não tenciona ir-se embora.
Acha que, a par da cozinha, da paisagem e da hospitalidade, todo este caos terceiro-mundista tem um-não-sei-quê de delicioso, de único, primitivo.