«Um homem que não tinha uma perna foi agredido pelo ocupante de um automóvel, em Lisboa, que achou que o deficiente estava a demorar muito tempo a atravessar uma passadeira. A vítima morreu menos de um dia depois. As autoridades investigam o caso.
A agressão ocorreu pouco depois das 16 horas de sábado, em Moscavide, depois de a vítima, João Santos, morador num prédio da Rua Maria Judite de Carvalho, do Bairro Casal dos Machados, ter saído de casa para comprar frutos secos, segundo contou, ao JN, a filha, Rita Santos.
João Santos, viúvo e antigo taxista, não tinha uma perna, amputada devido à diabetes. “Apesar de ter uma prótese e muletas, nada disso afectava o meu pai, que queria andar sempre a fazer coisas, nunca queria estar parado”, comenta Rita.
No sábado, João Santos saiu de casa, dessa vez para comprar frutos secos. No regresso, o antigo taxista voltou a atravessar a Rua João Pinto Ribeiro, que separa Moscavide do Bairro Casal dos Machados e o sinal estaria verde. “Como o meu pai é vagaroso devido à deficiência, o sinal vermelho acabou por cair quando ele ia a meio da estrada”, contou Rita Santos, com base no testemunhas que assistiram ao caso.
Alguns condutores pararam, outros evitaram o deficiente, mas num carro conduzido por uma mulher, que levava ao lado um homem, a passagem do deficiente acabou por levar a discussão. E o indivíduo que acompanhava a condutora terá, a dado passo, saído do carro e entrou numa acesa discussão com João Santos, após o que lhe desferiu um soco na cara, que lançou o deficiente no chão. De seguida, o agressor fugiu no veículo conduzido pela mulher.
“O meu pai ficou com um grande ferimento no sobrolho”, contou Rita Santos, que já só viu o pai no Hospital Curry Cabral, para onde foi transportado. À noite, já depois de ser suturado com seis pontos, João Santos regressou a casa, sob alta médica, e “passou bem a noite”, lembra Rita, secundada por uma prima e sobrinha de João Santos, Maria da Graça Tavares. “Ele às vezes queixava-se de uma dor ou outra, mas estava bem e dizia que reconheceria o agressor”.
Anteontem, João Santos parecia estar a recuperar. Cerca do meio-dia, sentou-se no sofá da sala a ver televisão e parecia adormecido, mas quando a filha chamou por ele, o antigo taxista já não respondeu. “Estava no sofá caído para o lado direito”. Foi levado para o hospital, mas apenas para lhe ser já certificado o óbito.
Rita Santos espera agora que a autópsia seja feita para se verificar se há ou não associação entre a agressão na passadeira e a morte, mas, defende, o “meu pai não tinha quaisquer problemas, além da diabetes. Estava sempre a fazer exames e não lhe foi detectado algum problema. É estranho ele ter sido agredido e menos de 24 horas depois acabar por morrer.
O JN confirmou que o caso foi registado pela PSP, que o comunicou ontem à Polícia Judiciária de Lisboa.»
in Jornal de Notícias, 30Jun10Desenho retirado da net.
a mesma noticia no CM:
ResponderEliminarhttp://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/passageiro-irritado-bate-em-deficiente
Pensei que uma vez iniciada a marcha o peão tem o direito de continuar a atravessar e os enlatados o dever de estarem quietinhos.
ResponderEliminarPara quando o traço do perfil psicológico dos futuros e presentes condutores? A acontecer ontem já seria tarde.
Livra...
ResponderEliminarÉ nestas alturas que me apetece andar com um revólver no bolso. Alguém me apitava quando eu atravessava uma passadeira?! Pimba: um tiro no pneu. A ver se continuava com o apito.
ResponderEliminarIsto é indecente. A verdade é que o peão depois de iniciar a travessia da estrada num sinal verde tem uma espécie de direito (já que infelizmente não tem direitos nenhuns quando considerado mero peão) que lhe permite atravessar durante o tempo que necessitar, mesmo que o sinal fique vermelho. Senão vejamos, os idosos mais vagarosos atravessariam como? Mas isto sou eu que li o livro que nos dão, perdão vendem, quando fui tirar a carta.
ResponderEliminarE já é muito bom quando param nas passadeiras porque há uns tempos ia sendo atropelado numa passadeira por um taxista que, ao se aproximar, olhava pelo espelho retrovisor não sei bem para onde e quase me varreu os pés (e eu ainda estava no passeio...). Curioso, como ia apanhar o autocarro tinha o passe na mão e o homem, mal se apercebeu que tinha entrado um objecto nao identificado na sua viatura sem ter ligado o taxímetro, travou bruscamente para mo devolver. E só disse: "O senhor é que ia atravessar na passadeira."
ResponderEliminare há coisa de 30 minutos atrás, em um PASSEIO,para não ser atropelado, tive que me desviar de uma carrinha em movimento e que a condutora falava alegremente ao telemóvel.
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