Boas notícias para desenjoar

Boa tarde peões exaltados!

Acabei de receber uma chamada telefónica que me surpreendeu tanto que resolvi partilhar!

Tinha eu feito uma queixa no site da CML "na minha rua" sobre os carros estacionados no passeio, em segunda fila e nos lugares reservados a cargas e descargas nas ruas dos Lusíadas e Luís de Camões em Alcântara. Falo especialmente destas ruas porque é onde passam os autocarros que são obrigados a longas esperas por estes automobilistas. Ontem de manhã a rua estava o caos de sempre mas à tarde, o 738 passou sem espinhas!

Não é que acabo de receber uma chamada telefónica da polícia municipal a dizer que por lá andaram a multar e a agradecer a minha participação. O agente ainda se desculpou da falta de meios e concluiu que é bem provável que tudo volte à mesma, mas que tentariam rondar de vez em quando. Disse-lhe que com insistência e consequencia as pessoas mudariam de atitude!

Enfim, não sei se foi vez sem exemplo, mas fiquei com a sensação de  que começa a valer a pena protestar e se muita gente protestar haverá mudança.


Afinal a questão é: somos mais os que querem andar livremente a pé no passeio ou os que querem poder lá estacionar na boa quando precisam?



Leitora identificada

17 comentários:

  1. O problema está no «ANDARAM a multar». Que é como quem diz: NESSE dia (e a pedido...) multaram, PUNINDO os infractores. Mas, quase de certeza, o problema real não se resolveu - no dia seguinte voltará tudo ao mesmo.
    É que há uma grande diferença entre PUNIR e DISSUADIR: a dissuasão só existe se o infractor souber que a punição é quase certa o que, em Lisboa, está longe de vir a acontecer.

    (Curiosamente, uma grande probabilidade de punição é mais eficaz do que o valor dela).

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  2. Boas,
    Na sequência do que refere MR, noto que já há muito que se provou, em Criminologia, ao contrário do que muitos políticos populistas apregoam, que o efeito dissuasor está relacionado não propriamente com a severidade da pena, mas com a probabilidade desta.
    Embora, no foro contra-ordenacional, também seja muito relevante o peso financeiro da sanção, pois não se pode dar azo a raciocínios economicistas do género «o custo da coima justifica o estacionar onde quero»; embora se saiba, e voltamos ao ponto de partida, que o factor que mais releva no raciocínio custo/benefício é a probabilidade quase nula de se ser autuado.
    Outro dado criminólogo interessante para este campo, são as teorias do “broken window”, que visam estabelecer uma relação entre a falta de actuação imediata e o “lost control” da situação; isso vê-se bem nas situações onde basta um carro estacionar em cima do passeio, para de seguida todos os fazerem.
    O autocolante, neste caso, pode funcionar como factor de prevenção, na ausência de actuação policial, se aplicado insistentemente.
    Tenho observado situações em que o uso esporádico do autocolante não resolveu nada, porém a aplicação permanente sortiu efeito.
    É claro que não podemos andar eternamente a colar autocolantes, pelo que sou de querer que isto só vai ao sitio com a massificação do uso de inibidores de estacionamento (vulgo pilaretes), à semelhança do que a Criminologia chama de «prevenção situacional», que assenta nas medidas não penais de protecção dos bens e das pessoas (como sejam o uso de alarmes, cadeados, grades nas janelas); e se reparar-mos bem nas demais cidades europeias, que gostamos de evocar, também elas estão recheadas de pilaretes.
    Abr

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  3. De facto, há 3 graus de "combate" a este tipo de estacionamento:

    PUNIR, DISSUADIR e IMPEDIR

    O 1º é o que sucede quando se actua de vez em quando.

    O 2º é quando se actua sempre (ou quase).

    O 3º é quando se criam barreiras físicas (não necessariamente pilaretes - podem ser canteiros, árvores, passeios sobre-elevados, etc).

    Compete às autoridades (policiais e autárquicas) actuarem da melhor forma. Mas, para isso, não é só a competência que lhes falta. é, também (e especialmente) SENSIBILIDADE para o problema.

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  4. Há uma 4ª opção, o RISCO NA PINTURA a todo o comprimento do carro. Pune, dissuade e gera emprego (bate-chapa e pintura!)

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  5. Tudo menos risco na pintura. Isso é pior do que matarem alguém da família deles.

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  6. O problema é, também, de sensibilidade das populações.

    P. ex.:

    Se alguém for meter autocolantes em Lagos, arrisca-se a levar um enxerto de tareia - não só dos condutores, mas também dos peões!
    Sucede que, como TODA a gente, nessa terra, estaciona em cima dos passeios, o universo dos prejudicados coincide com o dos prejudicadores...

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  7. Adolescente em crise de borbulhas que tem umas contas a acertar com o sr João Amaral25 de fevereiro de 2010 às 17:57

    Caríssimo avozinho
    Não acredito que não haja um único invisual ou pessoa com a capacidade motora diminuída em Lagos e que essas pessoas não tenham irmãos, primos etc ,que partilhem os seus problemas e as suas dificuldades.
    O seu problema, caro avozinho, é que nunca colou um autocolante.
    Há-de experimentar, é giro, é benéfico para o sistema cardiovascular e…. ajuda a mudar muito as mentalidades!

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  8. Eu nunca telefonei para a polícia por causa deste «nosso assunto».
    Há tempos liguei para o 112 porque andava um gajo a fazer motocross na pista de manutenção no Jamor… Passado uma hora ainda não tinha aparecido ninguém, já o gajo da mota se tinha fartado de incomodar as pessoas e desaparecido.
    Não estou para ligar e receber a resposta que já tenho lido aqui muitas vezes: não temos meios, etc…
    Eu tb sou pelo autocolante!

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  9. Caríssimo anónimo das 17h57m

    Quando é que me posso encontrar consigo, para conversarmos os dois, ao vivo, como pessoas crescidas - se for o seu caso?

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  10. ... e, é claro, continuo à espera dos "valentões da treta" que queiram ir comigo afixar autocolantes em carros da polícia estacionados em cima do passeio. De dia, evidentemente.

    Mas é claro que nunca aparecerá nenhum - pelo menos de entre os "fala-barato" que se escondem por detrás do anonimato.

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  11. No dia em que aparecer aqui uma foto de um carro autocolado pelo sr Medina Ribeiro, vou com ele colar um autocolante no cú do leão do Marquês!

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  12. Alguém se enganou no título...

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  13. "Teoria das Janelas Partidas"! Acho que é a primeira vez que "ouço" alguém (JC) falar dela em Portugal. Infelizmente, é completamente ignorada por cá.

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  14. Pois é Joana...sabes que tenho dito muitas vezes inspirado pela teoria das JP: há uma coisa que nunca poderei provar - mas se se começasse a multar sobre os passeios ou quando alguém buzinasse sem motivo, haveria menos mortos na estrada. Uma espécie de voodoo sociológico! :-)

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  15. Bom dia,
    Na verdade tais teorias não são estranhas em Portugal, tem-se produzido muito trabalho científico sobre o tema nas nossas faculdades (e, diga-se de passagem, reconhecido no estrangeiro), principalmente pelos lentes que actualmente representam as academias na Comissão para a Reforma Penal.
    O que falta é vontade política para por a casa em ordem; mas isso incomodaria muita gente, a começar pelas autoridades e a acabar no cidadão eleitor.
    O que aconteceu à campanha da «tolerância zero» para o excesso de velocidade nas povoações?
    Abr

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  16. Sim, não duvido que seja discutida entre juristas, nos meios académicos. Mas, como disse, foi a primeira vez que ouvi falar dela em Portugal. E quando digo que é completamente ignorada por cá, é ao nível da governação.

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  17. É interessante notar que o nosso MAI é mestre em ciências Jurídico-Criminais e casado com uma das mais ilustres catedráticas de Direito Penal do pais, precursora do ensino da Criminologia em Lisboa, por isso não se pode dizer que não conheça bem a matéria.
    Porém, parece-me que todos se renderam à ideologia do “nothing Works”.

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