Esclarecimento sobre a "falta de estacionamento"

A alegada dificuldade em encontrar um lugar para estacionar é um problema inerente à própria utilização do carro na cidade. Não é um problema do peão. Esta iniciativa de apelo ao respeito pelo espaço dos peões, apenas lamenta que este problema seja transferido para a parte mais fraca, sempre que alguém estaciona ilegalmente.
Se o problema existe realmente, se é grave, como deve ser resolvido, etc. são tudo questões interessantes, mas que não justificam o desrespeito dos peões. Tal como o problema não pode ser empurrado para terceiros, não aceitamos que o ónus da resolução dele (em bom português: "onde queres que estacione então?") recaia sobre quem não o provoca.
Obviamente que cada um terá uma opinião sobre este problema e encorajamos até que se discuta soluções nos comentários, mas não é disso que se trata esta iniciativa e quem cola o autocolante poderá ter opiniões muito diferentes sobre este assunto.

21 comentários:

  1. Exactamente!

    É como comprar um piano e não ter espaço em casa e por causa disso colocá-lo na sala do vizinho, dizendo ao vizinho, "O que queres que faça? não tenho espaço na minha sala...."

    O vizinho pode ficar calado e deixar de ter sala, pode colar um autocolante no piano, pode fazer queixa, pode rebentar com o piano, atirá-lo pela janela, etc, etc.

    O que acontece hoje (depois de abuso continuado por parte dos automóveis) é que muita gente acha normal que os vizinhos invadam as suas salas com os seus pianos e já nem se apercebem o abuso a que são sujeitos.

    É normalíssimo ver pessoas no meio da estrada, carros no meio dos passeios, etc.

    É isso que deve mudar!! O que é seu aos seus!

    Parabéns pela iniciativa!

    ResponderEliminar
  2. Creio que é mesmo este o ponto crucial do problema do mau estacionamento. Os condutores de automóveis têm de se preocupar em encontrar soluções para a falta de estacionamento:
    - que reclamem mais e melhores transportes públicos para nem terem de andar de carro
    - que reclamem serviços ao pé de casa para nem terem de se deslocarem.
    - que reclamem mais parques de estacionamento e com condições caso seja mesmo preciso levar o carro.
    - que reclamem soluções híbridas (por exemplo, parques à entrada das cidades + transportes para o centro)

    Creio que esta "guerra" que este blog quer levar contra os carros mal estacionados é mais que legítima, porque não se trata apenas de fazer respeitar leis já existentes (a proibição de estacionar no passeio salvo indicação contrário), trata-se sobretudo de fazer com que a sociedade no seu conjunto comece finalmente a refletir sobre questões de urbanismo e sobre o tipo cidades em que quer viver.

    Não fazer nada, fazer de conta que está tudo bem, ou fazer de conta que a situação atual é má mas inevitável mostra que a nossa sociedade tem uma fraca visão daquilo que é qualidade de vida e que infelizmente muito facilmente se submete ao fatalismo... Não! Há de fato um problema, mas há de se encontrar uma solução.

    Parabéns a este movimento cívico que através de um simples autocolante está a começar a gerar reações e a acordar muita gente.

    Têm todo o meu apoio.

    ResponderEliminar
  3. Os meus parabéns pela iniciativa e pela forma sucinta mas clara deste texto. Concordo totalmente. Aproveito para sugerir que esta iniciativa pode ser completada com outra: se cada um de nós escrever para as autoridades (PSP ou GNR) da sua área de residência ou emprego, exigindo a actuação dessas forças, e para as autarquias, requerendo, por exemplo, a colocação de barreiras físicas (pilaretes) que impeçam o estacionamento nos passseios, alguma coisa acabará por ser feita. Eu já o fiz e obtive alguns resultados. É importante que estas queixas/reclamações/requerimentos sejam feitos por escrito, e que se refiram a casos concretos. No caso dos requerimentos, a entidade é obrigada a produzir um despacho.

    ResponderEliminar
  4. a ideia é simpática, útil indispensável. Peca por branda e vai acabar por se tornar num fait divers folclórico.
    As pessoas estacionam em cima dos passeios basicamente por não têm medo. Medo de um autocolante? bah! Alguns até podem digamos simpatizar com a causa, mas chegado o momento do aperto precisam tanto de estacionar o carro...
    Só há três formas de resolver o problema:
    a primeira seria a via legal. Exigiria muito gasto de dinehro público e traria porventura alguma impopularidade ao Presidente da Câmara ou governante que a decidisse.
    Seria uma campanha maciça de bloqueios de carros. Maciça e insistente. Com multas violentas. Se a campanha fosse sucifientemente abrangente e persistente as coisas talvez começassem a mudar após alguns meses. (seria indispensável continuar a campanha ao longo de anos até que uma nova geração de portugueses fizesse a totalidade do seu percurso de vida como condutor com a ideia do tabu de estacionar em cima do passeio bem interiorizada.
    Esta hipótese não tem condições para se concretizar enquanto houver automóveis e humanos.
    A segunda não depende de ninguém, depende apenas dos caprichos da economia. No dia em que o preço do petróleo subir novamente aos píncaros (ou acabar), é provavel (se entretanto não se tiverem popularizado os carros movidos a água e ainda não houver falta de água) que se reduza drasticamente o numero de carros em circulação. Mas acreditar nisto é como ter esperanças de que nos saia o totoloto.
    A terceira é a mais pragmática:
    a formação de milícias - um gang de gajos que rebentem com os pára brisas e furem os pneus dos carros que ocupam os passeios.
    Não somos inocentes nem ingénuos e sabemos no que se tornam sempre as milicias. Bandos de malfeitores. Dos carros em cima dos passeios passariam rapidamente aos que estavam mal estacionados, exerceriam chantagem sobre donos de carros bem estacionados, os lideres montariam oficinas de reparação de automóveis, etc...
    Esta solução não resolveria nada embora possa proporcionar algumas vantagens:
    em primeiro lugar a sensação de dever cumprido, a euforia proporcionada pela destruição libertadora e justiceira aos entusiastas idealistas da primeira hora, antes que a operação mergulhasse na corrupção. A segunda vantagem está em que rapidamente as forças policiais seriam forçadas a intervir para proteger a ordem pública e a propriedade privada. Mas ao intervirem acabariam por ser obrigadas a cumprir parcialmente alguns objectivos da primeira hipótese. Ou seja, a polícia que nenhum governante deixará avançar contra os mal estacionados deveria ir para os locais impedir desacatos, mas estando nos locais para impedir desacatos dissuadiria o estacionamento nesses locais (enfim, espera-se...).
    Em resumo, a via é sinuosa mas eu optaria pela "terceira via" (aqui parece que não sou original). Claro que a longo prazo resultaria num aumento da criminalidade, mas até lá poderia pensar-se em formas de impedir que isso acontecesse ( as milicias só conseguem arranjar razão de ser enquanto houver o tal estacionamento selvagem), e enquanto o taco vai e vem, folgam os passeios.

    ResponderEliminar
  5. já agora peço desculpa pela extensão do meu comentário anterior. entusiasmei-me

    ResponderEliminar
  6. Ri-me, rui, rolei de rir.
    E compartilho das dúvidas quanto a resultados visíveis no espaço de uma geração. Mas isso não me preocupa muito. Não é por acreditar no triunfo do bem que procuro não ser mau.

    ResponderEliminar
  7. rui,
    na Alemanha há uma câmara municipal que esvazia os pneus dos carros mal estacionados..

    ResponderEliminar
  8. PG,
    ainda bem que teve alguns resultados. Eu posso-lhe dizer que já fiz isso imensas vezes (por escrito mesmo), e ainda não obtive nenhum. No entanto já fui insultado num modo muito pseudo-delicado, mas insultado pelo Dept de Trânsito da CMLisboa (sobre semáforos para peões, não sobre estacionamento no passeio), e já obtive a desculpabilização da PM de Lisboa ("tem que entender que é difícil estacionar").

    Eu detesto visceralmente a ideia de justiça pelas próprias mãos, mas neste caso só posso concordar com esta iniciativa.

    ResponderEliminar
  9. leia-se "a desculpabilização dos automobilistas abusadores"

    ResponderEliminar
  10. a meu ver um dos grandes problemas do estacionamento é durante muito tempo ter sido transmitido como um direito gratuito para os condutores. Ocupar a via publica de forma gratuita não pode ser um direito. Todo o estacionamento nas cidades deveria ser pago, excepto no caso dos residentes (na zona de residencial). Deveria ser pago para as pessoas terem a noção que o espaço não lhes pertence para ser usado a seu belo prazer. O preço em muitas zonas seria simbólico, 10 cêntimos à hora ou coisa parecia, mas o acto de ter que se pagar muda muita coisa. E também daria aos condutores o direito de exigirem melhor estacionamento porque o estão a pagar. Enquanto existir estacionamento em locais de forma gratuita irá sempre haver pessoas dispostas a fazer tudo para não pagar.
    O estacionamento sempre pago também iria introduzir nas pessoas a noção de que quando compram um carro para alem do custo que vão ter em combustível, seguros, manutenção, existe também um custo a ter em conta que é o do estacionamento. Se calhar depois de fazerem bem as contas acabavam por comprar o carro mas utilizar mais os transportes para as deslocações dentro da cidade.

    ResponderEliminar
  11. Estou na generalidade de acordo com o comentário anterior, só não percebo porque é que os residentes não deveriam pagar.

    ResponderEliminar
  12. Apoio práticas moderadas que visem a penalização de quem afronta os direitos dos outros. A liberdade não pode servir para os que respeitam as boas práticas em sociedade, serem praticamente gozados.

    Existem outras formas de manifestar o nosso descontentamento, por ex. rodar espelhos e levantar limpa para brisas, mas o autocolante também me parece razoável, para quem está em incumprimento e não é penalizado assumidamente pelas autoridades.

    ResponderEliminar
  13. Subscrevo João Melo, no seu comentário de 31 de Março (8:33).

    ResponderEliminar
  14. Eu, por mim, já perdi a paciência com a falta de civismo dos condutores e a complacência da PSP. Tenho um canivete no bolso e carro em cima do passeio é certo e sabido que leva uma dúzia de riscos e o retrovisor virado ou... no chão!

    ResponderEliminar
  15. 12:06
    Concordo consigo. Faz muito bem em andar a riscar os carros em cima do passeio. Devia, também furar os pneus dos carros. Como também devia esperar pelo dono do carro e dar-lhe uma carga de porrada.
    Isso sim. Era uma verdadeira atitude civica da sua parte.
    Agora, limitar-se a uns meros riscos na pintura do carro e retrovisor no chão...é muito pouco.

    ResponderEliminar
  16. Sim. Danificar os veículos é descer ao nível dessas pessoas. Nem 8 nem 80...

    ResponderEliminar
  17. Há dias li um comentário em que o leitor dizia algo como (cito de memória) "Sempre me repugnou a justiça pelas próprias mãos mas apoio a vossa iniciativa". Eu diria que sempre me repugnou a justiça pelas próprias mãos e (e!) apoio esta iniciativa. Porque o papelinho não faz nem pretende fazer justiça. Convenhamos que há casos em que, aplicada a proporcionalidade entre o crime e o castigo, não sobraria uma única peça do carro inteira. Isso, se fossemos fazer Justiça pelas próprias mãos, coisa a que me oponho tão determinadamente quanto determinadamente tenho colado o papelinho.

    ResponderEliminar
  18. Não é preciso andar com canivete, as chaves fazem o mesmo serviço e o risco até mais profundo. Faço o mesmo, é claro.

    ResponderEliminar
  19. Pois, pois, mas a mim quem me tira o canivete do tipo suiço, tira-me tudo. Até a alma.

    Bons riscos!

    (na pintura dos automóveis, claro!)

    ResponderEliminar
  20. gostaria de saber quem é o desocupado e covarde que se esconde no anonimato, e anda colando estas etiquetas nos vidros dos carros na urbanização das silveiras, em carcavelos. segundo o que este blog informa, sobre as condições que se pode colar, este desocupado o faz contrariando estes princípios. aviso que vou pega-lo e vai levar um balde d água ou coisa pior. esta prática é digna mesmo de um grande covarde que não dá a cara. um grande maricas

    ResponderEliminar